20120430

Camarate - O testemunho de Elza

Elza Oliveira foi mulher de Fernando Farinha Simões desde 1975 e assistiu por perto às movimentações do marido, juntamente com as de José Esteves, antes e depois do atentado de Camarate - que, a 4 de Dezembro de 1980, provocou a morte do primeiro-ministro Sá Carneiro e ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa. Em 1995, Elza esteve na Assembleia da República para dar o seu testemunho. Agora, acrescenta dados novos que se juntam às declarações de José Esteves e Fernando Farinha Simões, pelo que espera pela constituição da 10ª Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate para as poder assumir perante os deputados da Assembleia da República.

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20120429

A CIA e o atentado de Camarate

20120427

Camarate - Um apelo aos deputados

Senhores deputados, por favor, não cometam o erro de criarem a 10ª Comissão de Inquérito Parlamentar à Tragédia de Camarate (CIPTC). Ouçam as vozes bem avisadas, sensatas e honestas daqueles que pedem que não gastem mais dinheiro do orçamento da Assembleia da República. Pensem, isso sim, em medidas para combater a actual situação económica em que se encontra o País. Combatam o desemprego, desenvolvam a produtividade nacional, ouçam as palavras do senhor Presidente da República no 25 de Abril e promovam uma imagem positiva de Portugal no estrangeiro. Não gastem tempo a analisar uma situação do passado, que já não interessa e não vai adiantar ao futuro. Por favor, senhores deputados, não percam tempo com mais comissões quando já houve nove, nove comissões de inquérito parlamentar onde não há mais nada a acrescentar. Ou preferem continuar a distrair-nos com estas questões do passado enquanto o povo passa fome? Ouçam, por favor, o ex-conselheiro da Revolução, Sousa e Castro, que diz que os militares de Abril derrubaram o Estado Novo para acabar com a fome em Portugal e investiguem, por exemplo, o negócio dos submarinos. Esse sim, um verdadeiro escândalo, a par de casos como o BPN ou estas vergonhas do Freeport e os seus “envelopes castanhos” mais os gabinetes de arquitectura de amigos. Por favor, ouçam este apelo de um simples cidadão: não criem a 10ª CIPTC. Senhores deputados, se caírem no erro de criarem a 10ª CIPTC, a situação económica vai piorar, pois arriscam-se a meter a mão num ninho de vespas internacional que depois vai agravar o já apertado sufoco financeiro na tentativa de nos calar. É assim que eles têm feito há anos e anos. Desde Camarate. Os senhores deputados vão abrir uma caixa de Pandora com todas as desgraças do mundo dentro dela. Se cometerem a imprudência de quererem saber se a “alegada confissão” de um alegado responsável do alegado atentado, que, alegadamente, foi funcionário da CIA, com alegadas ligações a um – e aqui não é alegado, pois é um facto – ex-embaixador norte-americano em Portugal e posterior número dois da CIA, Frank Carlucci, que até era amigo pessoal de um ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República, Mário Soares -, então vão deixar em maus lençóis os nossos aliados norte-americanos e a sua imagem no resto do mundo. Acaso imaginam as implicações que teria para o nosso futuro se acusarmos os Estados Unidos da América de estarem por detrás do assassinato do nosso primeiro-ministro e ministro da Defesa, apenas porque estes queriam impedir que tivesse lugar em Portugal uns estranhos negócios ilegais de tráfico de armas que desrespeitavam a soberania do nosso País? Mas, onde é que já se viu isso? Se a vossa 10ª CIPTC provar que Portugal andava a vender armas para o Irão em 1980, furando assim um embargo internacional, que havia elementos da CIA por detrás desse negócio e Sá Carneiro, dois meses antes de Camarate, desconfiava estar a ser perseguido pela secreta norte-americana por querer investigar essas ilegalidades, pelo que teria sido então “encomendada” a sua morte por um milhão de dólares, isso vai deixar em maus lençóis muita boa gente que ainda hoje está viva. E não é só nos EUA. É também por cá. E aviso-vos que nem sequer é necessário chamar o desacreditado Fernando Farinha Simões de Vale de Judeus para testemunhar no Parlamento que Sá Carneiro desconfiava da CIA, pois podem perfeitamente chamar para ir à 10ª CIPTC uma pessoa credível, Vasco Abecassis, ex-marido de Snu Abecassis (a companheira de Sá Carneiro que faleceu também em Camarate), que contou precisamente isso à jornalista Cândida Pinto (outra pessoa credível), da SIC (a televisão do ex-primeiro-ministro Pinto Balsemão, também pessoa credível), que o escreveu na biografia sobre Snu, editada pela Dom Quixote (que é uma editora igualmente credível e bastante respeitada). Senhores deputados, por favor, não cometam ainda o imenso e superlativo erro de irem investigar o Fundo de Defesa Militar de Ultramar - o “saco azul” do exército do tempo da guerra colonial, destinado a financiar a compra de material de guerra fora do controle do Orçamento do Estado e que, desde o 25 de Abril de 1974, era gerido em segredo pelos “militares de Abril”, esses, ingratos, que, tal como Mário Soares (o amigo do Carlucci da CIA), faltaram às celebrações da data de Liberdade no vosso Parlamento. Se insistirem nessa perigosa ideia, então façam tudo para enganar o povo Português e escondam a necessidade de envolver o nome do Presidente da República nessa questão. Eu sei que vai ser difícil, pois quando o actual Presidente da República era ministro das Finanças recebeu ordens de Sá Carneiro para investigar o Fundo de Defesa Militar de Ultramar e nunca o fez. Assim, qualquer comissão séria teria de ir perguntar-lhe o motivo pelo qual não conseguiu cumprir as ordens do primeiro-ministro e se manteve calado ao longo destes anos todos. E, mais uma vez, não é sequer necessário recorrer a “alegadas confissões” no YouTube para confirmar isso, pois basta consultar os comunicados do Conselho de Ministros de Novembro de 1980 onde essa ordem está bem explícita. Ou então a imprensa da época – tenho cópias que vos posso fornecer. Senhores deputados, não sujeitem o Presidente da República a perguntas incómodas sobre qual o conteúdo da última reunião de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, na qual ele esteve igualmente presente, na manhã do fatídico dia 4 de Dezembro de 1980, juntamente com as mais altas chefias militares do País, para falarem precisamente sobre questões de dinheiro e Orçamento. Não façam essas perguntas ao Presidente da República, pois o País já tem tantos problemas económicos que a imagem de Portugal no estrangeiro iria ficar arruinada para sempre. Já basta termos um ex-primeiro-ministro com fama de corrupto, imaginem agora só se, na sequência da vossa investigação, um jornalista norte-americano, ou inglês, ou francês, ou alemão se lembrasse de escrever lá no país dele que, aqui, no belo e tranquilo Portugal, o Presidente da República é suspeito de ter encoberto o móbil do assassinato de um antigo primeiro-ministro e ministro da Defesa pela CIA. Que o fizera para proteger militares portugueses e norte-americanos. Que assim escondeu um negócio de tráfico de armas de Portugal para o Irão no tempo em que o ex-director da CIA, George Bush, era candidato a vice-presidente dos EUA. Imaginem ainda que esses jornalistas se lembrassem ainda de que, no dia da primeira tomada de posse do nosso Presidente da República, George Bush esteve no Parlamento português como seu convidado de honra, confirmando assim uma longa amizade. Imaginem então uma coisa ainda mais grave, pois esses jornalistas estrangeiros iriam depois ficar a saber que, a ter havido negócio de tráfico de armas para o Irão através de Portugal em finais de 1980, isso iria demonstrar que elementos da campanha republicana Reagan/Bush, ex-agentes da CIA, teriam negociado secretamente com os iranianos a não libertação dos reféns de Teerão antes das eleições presidenciais nos EUA, a 4 de Novembro de 1980, roubando assim a reeleição de Jimmy Carter. Isso significaria que a administração Reagan chegara ao poder através de um acto de traição. Iria colocar em causa toda a política norte-americana no Médio Oriente na actualidade, pois a mesma tem sido a sequência lógica das acções iniciadas por esse negócio da CIA em Portugal com a cumplicidade dos nossos dirigentes, dirigentes norte-americanos republicanos e até com complacência dos democratas. Não, senhores deputados, a morte de um estadista em Portugal não pode chegar as estas conclusões. É preciso manter esta Ordem Mundial, senão ainda se chega à questão de saber de onde vinha o dinheiro para manter estes negócios e revelar as redes de tráfico de droga, as organizações terroristas que são promovidas para justificar as mortes e assassinatos que cresceram da mesma forma que os furacões nascem com o bater de asas de borboletas. E é por isso que temos a crise económica mundial de hoje, precisamente por causa de todos os negócios que se fizeram depois destes negócios que levaram a Camarate. Sei que parece ser algo pretensioso querer dizer que Camarate está na origem de todos os males no mundo, mas, de certo modo, infelizmente, e sem exageros, até está. E não podemos mostrar essa verdade aos Portugueses: eles não iriam aguentar. É pior do que o holocausto de Hitler, acreditem. Por isso, o meu apelo, para que não iniciem sequer os trabalhos. Tentem ir adiando até ser esquecido. A imprensa está a dar o exemplo e está fazer um bom trabalho ao ignorar o assunto. Deram a notícia ontem, mas hoje já ninguém se lembra. Não falem mais nisso e daqui a nada, no fim do mês, os portugueses já se esqueceram e podem continuar infelizes e domesticados como sempre. Qualquer CIPTC nesta altura ou noutra qualquer, mesmo que conseguisse abafar metade daquilo que eu aqui digo, ainda assim iria descobrir muita coisa, pois os factos existem e até estão à vista. Não os liguem entre si. Não estraguem a verdade oficial que tantos anos demoraram a construir. Lembrem-se que se houver sangue, ainda pode ser o vosso a jorrar nas escadas do Parlamento. Não deixem falar quem quer falar, não façam falar quem não pode falar. Por favor, senhores deputados, não falem mais em Camarate!

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20120426

Camarate - a confissão de Farinha Simões

Duas semanas após ter colocado neste blogue o vídeo de José Esteves com a confissão sobre Camarate que Fernando Farinha Simões lhe entregou em Vale de Judeus, o caso é hoje notícia: O deputado Ribeiro e Castro defende uma nova comissão de inquérito sobre Camarate, numa altura em que surge a alegada confissão de um homem que diz ter organizado o atentado em que morreu o então primeiro-ministro, Sá Carneiro. Acho interessante o uso do termo "alegada confissão", mas compreendo, pois trata-se de um indíviduo preso e a confissão surge escrita na Internet, o que dificulta a confirmação da veracidade da mesma. Mas, isso pode agora ser facilmente resolvido pela maioria dos jornalistas com uma entrevista a Fernando Farinha Simões em Vale de Judeus. Creio que não seria difícil de conseguir a autorização dos serviços prisionais. Existe neste artigo, contudo, uma pequena imprecisão, pois informa que houve uma vítima em terra. Ora, isso chegou de facto a ser noticiado na altura, no entanto seria corrigido. As vítimas foram sete, todos os ocupantes do avião, e não houve nenhuma vítima em terra. Agora, esperamos que a 10ª comissão de Camarate possa esclarecer o que há de verdade ou desinformação nesta "alegada confissão".

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20120425

Camarate e as 14 comissões quando ainda não há a 10ª...

No programa de debate da RTP "Prós e Contras", a 23 de Abril de 2012, o ex-conselheiro da Revolução, Rodrigo Sousa e Castro, afirma que já houve 14 comissões de inquérito parlamentar sobre Camarate - a morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, na queda de uma avioneta Cessna a 4 de Dezembro de 1980. A jornalista Fátima Campos Ferreira sorri e não corrige o antigo porta-voz do Presidente da República, Ramalho Eanes. Na realidade, a última comissão de Camarate foi a 9ª, que, à semelhança de outras antes dessa, não terminou os trabalhos dentro do prazo estabelecido devido à queda do Governo e a convocação de eleições antecipadas. Aliás, o actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, já admitiu a criação da 10ª comissão. Mas, a mesma tarda...

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Apareçam...

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20120423

25 Abril e os homens da idade da pedra

A Associação 25 de Abril que, segundo parece, será a legítima proprietária daquilo que eu achava ser de todos, diz que não vai participar nas cerimónias oficiais do 25 de Abril por discordar da política do Governo. A decisão só seria ridícula se tivesse importância, tal como idêntica atitude de Mário Soares. Afinal, este regresso dos homens de Abril à "idade da pedra" durante a vigência de um governo PSD/CDS nem sequer é novo e revela-se completamente infrutífero para a resolução dos problemas do País. Constatar isso, sinceramente, é que é uma pena...
"Expresso", 24 de Abril de 1980

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20120417

Camarate está no Rossio

20120416

A desinformação de Camarate

O primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro decidiu a 1 de Dezembro, no fim do comício de Évora, que no dia 4 iria ao comício extra marcado para o Coliseu do Porto. Três dias antes de Camarate, portanto. Entre os dias 2 e 3 combinou com a secretária, Conceição Monteiro, que a viagem seria feita num avião particular, o que, aliás, era habitual nas suas deslocações partidárias. No fim da tarde do dia 3, Francisco Balsemão, no Porto, garantiu que o Cessna da empresa RAR iria do Porto até Lisboa, na manhã do dia 4, para transportar Sá Carneiro para o Porto pelas 19 horas e levá-lo de volta a Lisboa no fim do comício no Coliseu. Nesse mesmo dia 3, como medida de precaução, Sá Carneiro pediu a Conceição Monteiro que fizesse também quatro reservas para o voo comercial da TAP, que deveria ser usado caso as condições meteorológicas não permitissem a descolagem do voo particular. Por volta da hora do almoço do dia 4, a secretária de Sá Carneiro cancelou o voo da RAR depois de, alegadamente, o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, ter convencido Sá Carneiro a utilizar o Cessna de campanha no qual, inclusive, Amaro da Costa voara na madrugada anterior, juntamente com o general Soares Carneiro, do Porto para Lisboa, após o calendarizado comício do pavilhão Infante Sagres. E este útimo seria o avião que viria a cair. Assim, a ter havido atentado, é perfeitamente possível que fosse destinado a Sá Carneiro, pois já se sabia, desde a noite do dia 1, que este iria num avião particular ao comício do Porto. Agora, ao fim de mais de 30 anos, qual é a verdade que prevalece?
É esta...

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20120412

Quem és tu?

A primeira máfia da História...

Os Borgia, pelo autor de "O Padrinho"...

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20120410

A nossa casa... em 1989

Esta é uma reportagem de uma jornalista chamada Inês Pedrosa, publicada em Janeiro de 1989 no semanário "O Independente", então dirigido por Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas. Tem ilustrações lindas e cúmplices de Jorge Colombo e é sobre a experiência da própria jornalista que conta como é passar uma semana inteira em casa sem poder sair. Encontrei-a este fim-de-semana entre os papéis que tinha na casa do Porto e reli-a com o mesmo prazer de há anos. Como era diferente e belo aquele mundo nos tempos em que não havia Internet, só podíamos ter comida em casa se fosse uma encomenda de uma refeição para mais de 20 pessoas e não havia entrega de livros ou flores ao domicílio. Mas, tínhamos isso tudo na mesma, pois havia amigos ou a solidariedade de desconhecidos. Ou imaginação. Obrigado Inês por nos teres fixado para sempre essa estadia em tua casa. Sabes, aquela era também a casa de todos nós...




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Camarate - A confissão de Farinha Simões

20120402

Ah! Assim estamos entendidos...