20081030

A independência dos juízes

Toda a verdade

Seguindo uma ideia perigosa do João, partilho este formidável trabalho dos "Contemporâneos"...

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Já se fizeram revoluções por menos do que...

... isto.

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A contenda dos contentores



O sr. Tavares foi ontem alvo de uns piropos de estivadores por causa da petição contra a ampliação do terminal de contentores de Alcântara, promovida pela Cidadania LX. Sendo eu natural do Porto, entendo bem o crime contra a capital do país que obriga os lisboetas a viverem de costas voltadas para o imenso rio Tejo. É prioritário investir numa solução que permita ao Porto de Lisboa funcionar em harmonia com a qualidade de vida na cidade. Por isso, estou do lado das opiniões do sr. Tavares. Contudo, o presidente da Câmara, socialista eleito por quem vota em Lisboa, António Costa, disse: "Se do projecto de expansão do terminal de Alcântara resultasse uma muralha de aço, eu seria contra. Mas, como a APL explicou, não é disso que se trata. O que está em causa é saber se a cidade quer o seu porto ou não e todos disseram que sim. Quanto ao projecto em si, a câmara dará o seu parecer quando este lhe for submetido oficialmente ".
O povo é soberano e isso é expresso através de votos em eleições livres. Chama-se ao sistema Democracia, algo vulgarmente aceite por uma maioria de cidadãos desde há cerca de 30 anos. Essas são as regras. Se o sr. Tavares está contra a decisão do homem eleito pelo povo e acha que alguém anda a manipular os estivadores, tem boa solução: ir ele mesmo a votos.

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20081029

A melhor vitória seria a derrota

As opiniões do historiador Rui Ramos são das mais avisadas e lúcidas que conheço actualmente. Lembro-me bem da primeira vez que li um texto seu: foi no extinto "Independente", em 2003, sobre o 25 de Abril. Inclui, inclusive, uma referência a esse texto no livro "Eu Sei que Você Sabe". Por isso, recomendo a leitura da sua crónica de hoje no "Público" sobre Barack Obama...



Destaco as seguintes frases de Rui Ramos:

"É que o mundo, como constatámos entretanto, não precisou de Obama para mudar".

"Paradoxalmente, só um desfecho permitiria manter intactos o mito e as esperanças iniciais da obamomania: a derrota no dia 4 de Novembro".

"A América racista e imperialista continuaria a ser a explicação para tudo o que corre mal, poupando-nos o trabalho de tentarmos finalmente entender o que se está a passar".

"(...) um presidente Obama não pode descontar o risco de se reduzir a uma espécie de Jimmy Carter: uma mera lebre da próxima maioria conservadora".

"Provavelmente, Obama há-de desiludir os crentes sem converter os cépticos, mas gerando ao mesmo tempo a maioria necessária para o reeleger em 2012".

"O mundo já não é o que era em 1997. Mas o estilo de Obama é, no fundo, o desse tempo. Ora, a Terceira Via pode ter sido uma alternativa às políticas da década de 1980, mas desde então tornou-se parte do percurso que fizemos para chegar onde estamos. Aonde mais nos poderá levar?".

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20081027

Está explicado...

História de França

Querem ler uma história francesa muito interessante e que não chega a Portugal? Façam uma pesquisa num qualquer motor de busca com as palavras "Yves Bertrand", "Angola", "Clearstream" e... divirtam-se!

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Apelo aos leitores

Estas duas senhoras sentaram-se à minha frente num comboio em Londres. Assim que as vi tive a sensação de que as conhecia de qualquer lado. Pela conversa de ambas percebi depois que eram artistas britânicas. Só que não consigo ligar as caras ao nomes... Alguém me pode ajudar?!...



Thanks!

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Olho para o negócio

Sempre ouvi dizer - e não me parece que seja mentira - que é proibido tirar fotos em museus e igrejas devido ao facto da luz do "flash" provocar desgaste sobre as pinturas mais antigas. Entendo ainda que uma igreja, que é um templo de retiro e oração, imponha essa regra para resguardo daqueles que aí buscam a calma interior. O meu amigo Carlos, contudo, visitou há uns tempos a cidade de São Petersburgo e foi até à sinagoga local. Descobriu que, sim senhor, é proibido tirar fotos. Mas, se pagasse 100 rublos...



... receberia um cartãozinho com uma máquina fotográfica desenhada que o autorizaria a fazer as fotos que desejasse...



Isto sim, é que é ter olho para o negócio!

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Investigar a fundo o fundo


Camarate ainda mexe...

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20081026

As grandes esperanças de Obama

Tudo indica que Barack Obama será eleito Presidente dos EUA nas próximas eleições, a 4 de Novembro. Não creio que até lá teremos surpresas. Agora, não teria tantas esperança na mudança prometida. Barack soube construir com cuidado o caminho para a Casa Branca e um grande passo foi dado com um discurso cheio de palavras bonitas, há quatro anos, na convenção democrata em Boston, Massachusetts...



Se o deixaram sonhar durante estes quatro anos e permitiram que tivesse afastado Hillary Clinton, é porque sabem que Obama pode ser controlado. Um sinal está à vista num caso pouco divulgado pelos órgãos de Comunicação Social e que diz respeito ao seu nascimento - foi no Quénia ou no Havai? E o que dizer do facto de que, quando esteve a viver na Indonésia, teve de renunciar à nacionalidade norte-americana e frequentou uma escola onde o islão era a religião obrigatória? (Não que isso para mim fosse motivo de alguma preocupação, mas na América das leis, se tal viesse a ser investigado debaixo de grande alarido público e chegasse a ser dado como provado, poderia significar uma derrota eleitoral na "secretaria")...



Se lerem o perfil de Obama na "Conservapedia" - a "Wikipedia" dos Conservadores norte-americanos - poderão constatar a questão do "alegadamente nascido no Havai". Para seguir mais notícias sobre o caso basta procurar em "Obama Crimes". Mas, não se preocupem que esta questão não vai impedir Barack Obama de entrar em grande na Casa Branca. Desde que saiba manter alguns dos "boys on the job", nada lhe vai acontecer e outro sinal disso são as notícias que dizem que o secretário da Defesa de Bush e antigo chefe da CIA no tempo do pai Bush, Robert Gates, vai continuar no seu posto depois das eleições.
Também em 1960 o então jovem senador JF Kennedy teve um grande apoio de amigos ligados a outros amigos ("famiglias" de Itália, por exemplo), como foi o caso de Frank Sinatra... Ouçam aqui a canção do "Ol' Blue Eyes" a apelar ao voto em Kennedy e baseada no seu original "High Hopes"...



E não se esqueçam que Obama também é humano e comete "gaffes"...

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20081024

Camarate em 2010

Daqui a dois anos o caso Camarate cumprirá 30 anos. Ao cabo de oito comissões de inquérito parlamentares, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, ex-líder do CDS e primeiro-ministro interino após a morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa, Freitas do Amaral, que lançou recentemente o segundo volume das suas memórias políticas e esteve ontem a ser entrevistado na RTP, "desafia Assembleia da República a retomar inquérito a Camarate".
Segundo Freitas, há três grandes questões que não ficaram claras. São elas "o relatório dos peritos internacionais sobre os equipamentos técnicos do avião e explosivos, a investigação da venda de armas ao Iraque, em 1979-80, e o Fundo de Defesa Militar". O ex-ministro sempre garantiu que recebeu - e encaminhou imeditamente para a PJ - um telegrama diplomático da nossa embaixada de Londres que relatava uma informação transmitida via Scotland Yard pouco depois do sucedido a 4 de Dezembro de 1980, apontando para a presença de um indivíduo suspeito - Lee Rodrigues - no aeroporto de Lisboa no dia fatídico. Descobriu mais tarde, em 1995, que esse telegrama não figurava no processo, assim como desapareceram todas as cópias do mesmo. Sobre a oportunidade destas últimas declarações, queixou-se: "Só agora é que tive tempo de acabar o livro (...) As minhas declarações nunca foram aproveitadas pela comunicação social".
Se há pessoa que supostamente sabe o que se passou em Camarate, só poderá ser mesmo Freitas do Amaral. Ele era o líder do partido a que pertencia o ministro da Defesa que andava a investigar o negócio ilegal da venda de armas para o Irão durante a guerra contra o Iraque. Foi primeiro-ministro interino logo depois da queda do avião que causara a morte ao primeiro-ministro e ministro da Defesa.
Até ficaria extremamente entusiasmado com a ideia de que Freitas do Amaral vai publicar um livro sobre Camarate se não se desse o caso de eu já ter escrito que:

Há dois anos, em entrevista à "Focus", José Esteves, assumiu-se como o suposto autor da bomba de Camarate - suposto porque nunca foi julgado...



O mesmo José Esteves foi segurança de Freitas do Amaral durante o Verão quente de 1975...



E fartei-me de escrever sobre as armas para o Irão e de explicar por que razão não haverá julgamento de Camarate...





Daqui a dois anos, em 2010, conto publicar um livro sobre a investigação jornalística que há anos levo a cabo a propósito de Camarate e que irá explicar, de uma vez por todos, o que se passou e quem sabe o quê. Na realidade, cá entre nós, acho que até vou ajudar Feitas do Amaral a perceber algumas coisas...

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20081023

Jornalismo de Investigação

A "I Conferência Jornalismo de Investigação e Novos Meios Tecnológicos" vai ter lugar a 7 de Novembro. Não irei assistir, mas mando um abraço ao último jornalista de investigação que é Manso Preto, responsável por algumas das mais arriscadas reportagens sobre o tráfico de droga no Minho e que, no início dos anos 90, deram origem a este livro...





Há cerca de três anos frequentei um curso de Verão sobre jornalismo de investigação da Universidade Rey Juan Carlos, em Aranjuez. A conclusão a que se chegou foi a de que, hoje em dia, há cada vez menos espaço e dinheiro para investir na investigação jornalística. E Portugal, como é um país pequeno, cada vez que um jornalista começa a investigar corre o sério risco de ir mexer na trampa dos amigos do patrão ou até do próprio...
Por isso, mais vale quietinho...
Consolida, consolida...

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20081022

Elogio do elogio

A "Focus" está hoje duplamente de parabéns. A primeira razão é óbvia, visto que cumpre 9 anos de existência. Mas, a capa desta semana é o elogio do elogio, que é algo que nós portugueses, muito dados à inveja, não fazemos com a devida frequência. A maioria acha que somos geridos por chefes incompetentes – que fazem fracos os competentes trabalhadores –, acreditam que temos administrações musculadas, construídas na base do medo, intimidação e desrespeito pelas relações profissionais. A "Focus" desta semana apresenta um trabalho – original versão alemã – que explica o imenso poder do elogio. Basta uma palavra de apreço para, como explica o cientista Henning Scheich do Instituto Leibnitz, de Magdeburgo, ser “extremamente potente” para estimular o centro de recompensa cerebral e produzir endorfinas, as hormonas da satisfação e felicidade que são um autêntico ópio natural. Segundo as estatísticas, cerca de 56 por cento de 10 mil trabalhadores europeus inquiridos queixaram-se de não ser reconhecidos pelas suas chefias. Sem contar o que isso é prejudicial para a saúde dos trabalhadores e para a falta de produtividade dos mesmos...



Assim, feito o elogio à capa da "Focus", fica aqui o elogio a todos os que trabalham nela. Elogio de forma particular o editorial que assina hoje o director Carlos Ventura Martins, pessoa cujo padrão moral dispensa apresentações...



Elogio ainda os meus superiores do passado, Frederico Valarinho e João Vasco Almeida que apostaram forte na reportagem de há dois anos sobre Camarate – e fez a "Focus" vender 30 mil exemplares – sendo este um tema que ainda hoje desperta o interesse do público…



Elogio igualmente o Nuno Ramos de Almeida, que também foi meu director e cuja fotografia hoje vi no “24 Horas”, a trabalhar na Praia da Luz no documentário sobre o desaparecimento de Madeleine McCann que será apresentado pelo ex-coordenador da PJ, Gonçalo Amaral. Afinal, o Nuno era o director da “Focus” quando estive na Praia da Luz a fazer a cobertura do mesmo caso e resultou depois no livro de ficção “O Enigma da Praia da Luz”…



Elogio, por fim, o “24 Horas” – diário que vi nascer e ajudei a crescer - que, a propósito do assalto à casa de Miguel Sousa Tavares…



... recordou um caso semelhante com o Luís Miguel Rocha e assim publicou a fotografia que eu lhe tirei em Roma, quando foi apresentar a edição italiana do seu “O Último Papa”...

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20081021

Jornalismo especulativo

De um clássico do jornalismo, a mítica cena de abertura do filme "Ace in the Hole", de Billy Wilder, com Kirk Douglas no papel do jornalista sem escrúpulos Chuck Tatum. Despedido de todas as redacções onde trabalhou, Tatum tenta convencer o director de um jornal regional de Albuquerque, Novo México, Jacob Q. Boot, a contratá-lo até ao dia em que encontre a grande história que o levará de volta para Nova Iorque: "Boot, quer ganhar 200 dólares por semana? Sou um jornalista que vale 250 dólares por semana. Contrate-me. Aceito 50"...

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Vou mas é trabalhar...

Solidário com o Miguel

Estou solidário com o Miguel Sousa Tavares que viu a sua casa ser assaltada, tendo-lhe sido levado o computador portátil que continha "um ano de trabalho". Também eu uma vez fiquei sem computador - e máquina fotográfica e Ipod e documentos e casaco de couro (caro) - apenas porque deixei tudo isso dentro de um carro durante meia-hora com uma placa a dizer "assaltem-no, por favor"... Por isso, Miguel, esquecendo aquilo que nos desune, o meu abraço de solidariedade... Mas, ao contrário do Miguel, não perdi "um ano de trabalho". Cada vez que escrevo o capítulo de um livro faço cópia para uma caneta digital - a vulgar "pen" - e tenho o cuidado de não a deixar junto do computador ou na pasta do mesmo, não vá dar-se o caso de ser roubado ou o computador dar o berro (acontece também, não são só assaltos, sabes?). Tenho ainda duas contas de e-mail e assim transfiro os documentos entre elas, o que significa que possuo um arquivo virtual que, inclusive, posso aceder em todo o mundo onde haja Internet - é claro que os "piratas" podem ler aos meus textos, mas se são originais e foram escritos precisamente para um dia virem a ser lidos por todos os interessados, até me sentiria lisonjeado em ser alvo de um ataque informático...

P.S. Já agora Miguel, uma das pistas que a polícia poderia seguir para sacar o coelho da cartola em relação ao roubo do teu computador seria apurar quem fez as negociatas da frente ribeirinha do Tejo e que, ao contrário do Mário Soares, não gostou do texto que escreveste na edição do "Expresso" deste sábado. É apenas um palpite, vale o que vale...

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20081020

O Xá nos Açores - O que faltou na "Pública"

Tal como referi ontem, confirma-se que a pessoa que era ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal no dia em que o Xá do Irão esteve quase a morrer nos Açores, relata mesmo o episódio no segundo volume das suas memórias que chegou esta semana às livrarias...



Tal como contei ontem - um dia explico-vos como desconfiei que ele iria falar deste caso -, Freitas do Amaral até mencionou o detalhe de como Sá Carneiro o recebeu vestido de pijama. O que se segue, portanto, foi o que faltou na reportagem da "Pública" de ontem...




Agora, cada vez que leio este género de memórias, aprendo sempre mais um bocadinho. Achei deveras interessante este pequeno episódio ocorrido em Março de 1980, sobretudo na parte do telefonema de Sá Carneiro para Ramalho Eanes. A pergunta que o antigo Presidente da República fez a Sá Carneiro, se este estava a informá-lo de uma decisão já tomada ou se queria pedir uma opinião, fez soar uma campainha na minha cabeça... Onde é que eu já tinha lido algo parecido?
Lembrei-me pouco depois.
Foi aqui, neste livro de 1995...



A jornalista Inês Serra Lopes relatou como Ramalho Eanes, certa vez, em 1980, recebeu um telefonema de Sá Carneiro a pedir-lhe a autorização do uso da base das Lajes para o envio de armas para o Irão...



Não é certo que os dois episódios tenham ocorrido na mesma altura - o que significaria confundir Xá do Irão com armas para o Irão -, mas lá que é muito interessante, de facto é.
E agora está devidamente registado.

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20081019

O Xá nos Açores

A revista "Pública" de hoje tem uma história que merece o meu aplauso...



A jornalista Margarida Santos Lopes conseguiu um exclusivo mundial ao entrevistar a viúva do Xá do Irão, Farah Diba. Conta a ex-imperatriz que, a 23 de Março de 1980, quando viajava com o marido entre o Panamá e o exílio do Cairo, o avião ficou retido durante algumas horas na base aérea norte-americana nos Açores. Aquelas horas foram de grande dramatismo onde tudo poderia acontecer, pois a administração Carter ponderava trocar o Xá do Irão pelos reféns norte-americanos da embaixada dos EUA em Teerão. No fim, o avião acabou por seguir viagem para o Egipto...



Anos mais tarde, em visita a Portugal, a ex-imperatriz do Irão conheceu um ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, André Gonçalves Pereira, que lhe contou alguns detalhes sobre o caso...




Reportagens deste género são raras no jornalismo de hoje. Investigar casos do passado e dar-lhes honra de primeira página é algo, infelizmente, pouco visto. Por isso, os meus parabéns à minha camarada e aos editores da "Pública". Contudo, não há bela sem senão... Cumpre-me assim registar que há um pequeno erro quando a jornalista escreveu que os reféns norte-americanos ficaram retidos em Teerão durante 144 dias.
Nada disso.
Foram 444 dias. Mais de um ano, portanto. Aliás, foi devido ao facto do assalto à embaixada dos EUA ter ocorrido a 4 de Novembro de 1979 que Jimmy Carter perdeu a reeleição nas eleições de 4 de Novembro de 1980. Os eleitores foram votar no dia em que se evocava o primeiro aniversário do início do cativeiro dos reféns. Estes só seriam libertados a 20 de Janeiro de 1981, poucos minutos após o juramento do novo presidente dos EUA, Ronald Reagan - cujo vice era George Bush pai, que quatro anos antes havia sido despedido da chefia da CIA por Jimmy Carter. A partir desta crise dos reféns nasceu a ideia de que teria havido uma negociação secreta entre elementos da candidatura Reagan/Bush e elementos iranianos para a não libertação dos reféns de modo a enfraquecer Jimmy Carter. Por isso é que não interessava entregar o Xá nos Açores, por isso é que Jimmy Carter teve depois de tentar uma operação militar fracassada a 25 de Abril de 1980.



Lamento ainda que a jornalista não tenha enriquecido a sua história com um simples telefonema, contacto - ou menção de tentativa do mesmo - junto do homem que era o ministro dos Negócios Estrangeiros em exercício naquela noite de 23 de Março de 1980. E nem é difícil saber quem era.
Se bem me lembro, esse mesmo ex-ministro até já abordou publicamente este caso - embora de forma vaga - num programa da RTP emitido no dia 11 de Setembro de 2002, quando declarou que naquela noite foi pessoalmente a casa do primeiro-ministro da altura, Sá Carneiro, que o recebeu de pijama. E quase aposto que durante a próxima semana, quando for editado o segundo volume do livro de memórias desse ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, iremos ficar a saber mais detalhes sobre esta história...
Fiquemos atentos...

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Acontece nas melhores famílias

20081018

Vítor Baptista, "O Maior", 10 anos depois...

O "Correio da Manhã" recorda que a antiga glória do futebol do Benfica, Vítor Baptista, "O Maior", faria hoje 60 anos se fosse vivo. Não sei se todos os leitores deste blogue sabem, mas o primeiro livro que escrevi (publicado em Junho de 1999) foi a biografia de Vítor Baptista...




O livro inclui a última grande entrevista a Vítor Baptista, feita em Abril de 1998. As palavras finais são arrepiantes, sobretudo se pensarmos que morreria meses mais tarde, na noite de 31 de Janeiro de 1998 para 1 de Janeiro de 1999...




E agora, 10 anos depois, foi interessante relembrar o que então escrevi na nota de autor...

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A crise explicada aos "gillipollas"

Através do Filinto (abraço, pá), cheguei a este vídeo sobre a actual situação financeira mundial. É uma cena onde os ingleses John Bird e John Fortune, do programa "The Last Laugh", explicam de forma bem séria como se chegou a esta crise e por que vamos ser nós que a vamos pagar...


Enquanto neste outro, o espanhol Quequé explica, de uma forma ainda mais séria e igualmente preocupante, que somos todos uns "gillipollas" e isso é algo que não tem cura...

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20081017

Não haverá surpresa em Outubro

O meu amigo Ferreira Fernandes alertou-nos hoje para a possibilidade de uma "surpresa bombástica em Outubro". Ele que me perdoe, mas acho alarmista e irresponsável esse tipo de aviso. Barack Obama não representa qualquer perigo para a administração Bush e seus amigos. Afinal, o único candidato que garante não ser igual a Bush é McCain...
Entretanto, nesta hora da despedida de W. Bush - enquanto não vem o próximo (sim, há todas as hipóteses de um Bush voltar à Casa Branca em 2013 ou 2016, daí a necessidade do intervalo Obama)-, podem ficar, para já, com imagens do novo filme de Oliver Stone, qua acabou de estrear nos EUA. Esse sim, é que poderá ser a surpresa deste Outubro...





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20081016

Se o ridículo pagasse imposto, Portugal era uma potência...

Reconheço que é importante colocar computadores nas escolas. Sei que é imperativo dar formação a professores, mas não consigo compreender a necessidade destas coisas...



Ainda por cima, na Venezuela - o país que nos fez o favor de comprar uma data desses computadores - há muitos anos que se cantam os louvores do verdadeiro Magalhães, que são os campeões de Caracas, caraças!...

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20081012

Jorg Haider - Uma investigação à distância

Acredito que a morte de Jorg Haider possa ter sido um infeliz acidente, mas gostava de ver uma peritagem decente e uma reconstituição feita de forma minimamente convincente...



Até lá, dizem-nos que o carro ia a 142 km/h num local onde a velocidade máxima recomendada era de 70 km/h: "Haider fuhr mit 142 km/h in den Tod"...



Haider conhecia bem aquela estrada e, inclusive, tivera um acidente na mesma há uns anos. Tinha o carro há apenas três meses, mas o mesmo era um modelo topo de gama, cuja velocidade máxima está programada para os 250 km/h. Contudo, nem mesmo um sistema de travões ABS impediu que fosse embater com violência em algo muito concreto. As imagens do carro acidentado mostram claramente que o espaço do condutor ficou bastante afectado...





E havia muito nevoeiro naquela noite. Isso terá sido uma das causas para o acidente...




Já o lado do pendura, conhecido como "o lado da morto", mostra bem menos estragos...





De qualquer modo, nem sequer preciso traduzir para português que "Jegliche Spekulationen über andere Ursachen für den Unfall sind damit hinfällig"...

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O primeiro passo foi dado

No passado sábado, dia 4 de Outubro, na cidade do Porto, houve um jantar na zona da Boavista onde foi feito um discurso histórico.


Antes de lerem o comunicado do que lá foi dito, apresento-vos apenas alguns elementos para que possam contextualizar a importância do momento.
Como sabem, a nossa República está prestes a comemorar os 100 anos. Será isso a 5 de Outubro de 2010. Acontece que a implantação da República, na realidade, abriu portas à ditadura de Salazar e, por coincidência, este último formou governo em Julho de 1932 na mesma altura em que, exilado em Inglaterra desde o golpe de 1910, morria o último Rei de Portugal, D. Manuel II.
Imediatamente após aquela morte, o ramo dinástico de D. Miguel proclamou-se digno sucessor de D. Manuel II. O anúncio criou uma cisão em Portugal, uma vez que os descendentes de D. Miguel estavam exilados na Áustria e excluídos do direito de acesso ao trono, pois representavam a facção vencida da Guerra Civil de 1832-34 entre os irmãos D. Pedro IV e D. Miguel.
António de Oliveira Salazar, o ditador que chegou com a promessa de colocar ordem na bagunça da República, pediu então aos monárquicos que se unissem e, no fundo, não lançassem o país para uma segunda Guerra Civil. O país cumpriu e assim foi atirado para os quase 50 anos de Estado Novo que só terminou naquela manhã de Primavera de 1974.
Pelo meio, a coberto da noite salazarista, nos anos 50, a ditadura de Salazar permitiu o regresso dos descendentes de D. Miguel a Portugal. E assim chegou até nós D. Duarte. Acontece que havia uma família que descendia de uma irmã de D. Pedro IV e D. Miguel, D. Ana de Jesus. Essa família tinha todos os direitos legítimos ao trono de Portugal, mas como ficara a viver no país de origem durante a ditadura, cumpriu a ordem nacional e ficou calada. Tudo a bem do País. Depois de 1974, voltou a ficar calada, para não estragar a implantação da Democracia saída da Revolução dos Cravos. A situação hoje, contudo, é de bagunça. Devido à limpeza histórica, o país julga que D. Duarte é o legítimo pretendente do trono de Portugal, mas não se revê nele. D. Duarte, explique-se, é apenas o rei preferido desta República.

A 4 de Outubro de 2008, na Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto, naquela onde descansa o coração de D. Pedro IV, falou D. Pedro VI, descendente de D. Ana de Jesus, que assumiu pela primeira vez que Portugal, se quiser, pode ter uma solução legítima para enfrentar o futuro.
O primeiro passo foi dado.
Finalmente.


Ler aqui o comunicado histórico

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20081011

A conspiração Haider



É mais uma para a lista. Jorg Haider morreu num acidente de viacção quando conduzia sozinho, sem guarda-costas ou qualquer outra companhia. Ia a caminho do aniversário dos 90 anos da mãe (o que é um motivo suficientemente sério para conduzir em excesso de velocidade), e há apenas uma testemunha do acidente. Uma mulher. O líder da extrema-direita austríaca morreu um mês depois do seu partido ter conquistado 12 por cento dos votos nas eleições gerais da Áustria. Numa altura em que regressava à ribalta política, portanto. Claro que é estranho, mas também pode ter sido um infeliz acidente. Enfim, vou aproveitar esta oportunidade para exercitar o meu alemão e estar atento ao que se vai dizer nos próximos dias...

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As coisas que Medeiros Ferreira me obriga a dizer

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e membro do clube de Bilderberg (Inglaterra, 1977), Medeiros Ferreira, assina hoje um pequeno texto na última página do diário "Correio da Manhã" sobre o casos dos aviões da CIA que, alegadamente, terão passado em território nacional. Esse é um texto pequeno, mas cuja leitura nas entrelinhas merece alguns comentários que coloquei a negro na reprodução que aqui vos deixo:



"Os últimos a saber (É o título. Quem são os últimos a saber, nós ou os governantes? Vamos ver...)

Ainda não é desta que saberemos da missa a metade sobre os chamados "voos da CIA" em território nacional (Ah! Somos nós que nunca iremos saber. O facto de dizer que "ainda não é desta" deixa-nos alguma esperança quanto ao futuro, mas como Medeiros Ferreira fala depois em "missa a metade" e, ainda hoje, estamos para conhecer a verdade sobre muitas outras missas - exemplos: Camarate, Fax de Macau, papel de Portugual no Irangate, Caso Moderna, Caso Lusíada, Caso Casa Pia - creio que os aviões da CIA irão entrar em último lugar desta ilustre lista). Nem o facto de o Ministério da Defesa espanhol ter referido a existência de um avião desses nas Lajes levou as autoridades portuguesas a reagirem (Mas, neste ponto, caro Medeiros Ferreira, qual a surpresa? Há uns anos, os franceses prenderam dois mercenários portugueses que tinham sido contratados pelas autoridades policiais de Espanha para matarem elementos suspeitos de pertencerem à ETA, naquilo que ficou conhecido como caso GAL, e o assunto também foi abafadinho por cá...).
Essa posição fechada das autoridades não será a mais inteligente (Hé pá! Estás a chamar burro ao Sócrates? Olha que ainda apanhas com um processo disciplinar...), tendo em conta que daqui a um mês haverá eleições presidenciais nos EUA (Sim... E?...) e quer Obama, quer McCain já se declararam adversários das prisões em Guantánamo, e ainda mais dos maus tratos a prisioneiros (Sim, como aliás qualquer pessoa inteligente o faria... Mas, ainda assim não estou a entender o que isso significa...) . Isso significa que, para restaurar a imagem dos EUA como 'potência benevolente', vão querer queimar as sementes dos excessos praticados pela Administração Bush e instaurar inquéritos públicos sobre essas matérias. (Hei! Hei! Espera aí!... Queres tu dizer-nos, Medeiros Ferreira, que enquanto ex-ministro socialista dos Negócios Estrangeiros, logo uma pessoa com larga experiência nestes assuntos, que se o presidente dos EUA ainda fosse o W. Bush, então o mais inteligente e correcto seria nada se fazer? Isso não se chama, deixa lá ver se encontro a palavra certa... hum... deixa lá ver... sim, hipocrisia?! Não! Em diplomacia chama-se a isso o "princípio de fidelidade à cooperação e manutenção de boas relações entre duas nações amigas". No café da minha rua é também conhecido como cobardia e baixar as calças aos norte-americanos). Ou seja, há uma batata a aquecer nas mãos dos responsáveis portugueses… (Hé pá, para citar o Astérix: Sabes onde podes meter a brassica?!)".

José Medeiros Ferreira, Professor Universitário (Ex-ministro socialista dos Negócios Estrangeiros e membro do Grupo Bilderberg)

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