20031024

Concorde ou talvez não

(Pequena advertência: o texto que se segue não é sobre a última viagem do avião Concorde, não vai falar da Casa Pia, crise no PS, intriga no PSD, Universidade Moderna, Camarate, pedofilia, Paulo Pedroso, Carlos Cruz e Martins da Cruz. Não vai falar do caso das novas revelações sobre a Princesa Diana, nem sequer vai abordar os escritos do livro do arquitecto Saraiva ou a discussão de terça-feira passada, ao vivo, na TVI, entre a Manuela Moura Guedes e Miguel Sousa Tavares. Nem sequer vai falar do professor Marcelo Rebelo de Sousa ou das análises do JPPereira. Não fala ainda de Jorge Sampaio, Souto Moura e Mário Soares e Cavaco Silva. Não fala igualmente de Bill Clinton, Bin Laden, Bush, Blair, Ariel Sharon, Santana Lopes, Fátima Lopes, Teresa Guilherme, Herman José e sei lá mais quem. Não. Vai falar de Norberto Martins, que ninguém conhece, mas ele conhece-nos a todos).

No "Tal&Qual" de hoje está lá uma história minha sobre o senhor Norberto Martins. Este senhor é um taxista de Lisboa, que escreve rimas e quadras em pequenos cadernos nos tempos livres passados dentro do seu táxi.
Por vezes, partilha alguns dos seus ditos com os passageiros, pelo menos com aqueles que têm a paciência de o ouvir. Eu fui uma dessas "vítimas" e fiquei algo sensibilizado com o facto de, na "selva" urbana, haver pequenas pérolas naquelas palavras. Tais como:

Seja alegre e feliz
Pessimismo é doença
Pense tudo o que diz
Não diga tudo que pensa

Depois, há ainda lugar para um pensamento que serve de muito para os "conspirativos" dias de hoje:

"A verdade existe. A mentira inventa-se."

E, se alguém duvida das verdades que Norberto Martins escreve, a sua resposta é elucidativa:

Se alguém duvida da minha afirmação
Estou disposto a provar a cada cidadão

É claro que lhe disse que muitas das coisas que dizia me faziam lembrar o poeta António Aleixo, ao que levei com a seguinte resposta já há muito preparada:

Não me lamento nem me queixo
de tudo o que passei.
Era neto de Aleixo
um senhor que transportei.

Por fim, fica aqui a versão não censurada da diferença entre um taxista e o amante de uma senhora casada (reparem que é DE UMA e não DA senhora casada. O senhor Norberto faz muita questão em falar sempre com alguma razão, para o provar a cada cidadão. Dizer DA mulher casada, poderia, a seu ver, implicar todas as muheres casadas).

A diferença é que o taxista está sempre à espera que o cavalheiro entre. O amante de uma mulher casada está sempre à espera que o cabrão saia!...

O que não entrou no artigo (o senhor Norberto Martins tem mais de 2500 quadras e à volta de 700 pensamentos) foi uma rima que deveria ser seguida por muita gente. Infelizmente, às vezes, eu próprio esqueço-me deste muito importante conselho do taxista poeta de Lisboa:

Quem diz tudo o que sabe
Não sabe o que está a dizer
Talvez se venha um dia a arrepender

Por isso, hoje não digo mais nada.

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